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Foto do escritorMiriam Rocha

Os Efeitos (Negativos) das Telas na Educação

Formada em Letras – Português e Inglês pela Universidade Paulista (UNIP) e em Pedagogia pela UNINTER. Também é Especialista em Educação Infantil e pós graduanda em Neuroaprendizagem.

Miriam se dedicou a estudar na Universidade de Delaware e Universidade de Princeton e defende uma educação interacionista lúdica e baseada na afetividade e respeito através de um olhar individualizado.





Criança e Infância são palavras que, embora guardem correlação, nem sempre caminham juntas. Hodiernamente, a infância se revestiu de atribuições que outrora não se faziam tão presentes; o excesso de tarefas, atribuições, atividades e até mesmo cobranças, têm resultado na impossibilidade da criança vivenciar a infância, devido ao exíguo tempo livre para que o infante possa criar, experimentar, brincar e, de fato, ser criança.

O início da pandemia contribuiu para o uso excessivo de telas na infância. Crianças que já se apresentavam introvertidas ou tímidas por alguma razão buscaram cada vez menos por relações pessoais.

Com o advento do confinamento imposto pela pandemia do vírus Sar-CoV-2, foi possível notar o aumento do uso de telas; notou-se, ainda, que a falta de interação e sociabilidade decorrente do isolamento contribuiu para o agravamento de comportamentos relativos à introspecção e timidez. À vista disso, vislumbra-se que as telas emergem como elemento que exerce influência direta e potente no comportamento e no cérebro em desenvolvimento. Muitas das vezes a atenção e afetividade são ocupadas por esse mundo virtual e, consequentemente, as necessidades emocionais são cada vez mais desatendidas.

Constata-se, então, que as telas exercem influência direta no plano existencial das crianças, em especial, por emergirem como elemento capaz de suprir necessidades emocionais e afetivas, fato que, embora não cumpra papel ideal para o desenvolvimento sadio da personalidade, evidencia-se como capaz de preencher lacunas decorrentes da ausência de pessoas, do afeto, do cuidado e etc.

É comum entender como uma criança que fica muito tempo nas telas mostra-se menos aberta e pronta para atividades do dia a dia, além de estar mais propensa a certas doenças, conforme se observa no trecho abaixo:

“O problema é que o uso indiscriminado e inadequado desses equipamentos pode ter um custo para a saúde física e mental, principalmente quando são utilizados por crianças e adolescentes de forma excessiva”, afirma a neurologista infantil Celina Reis, do ISD (Instituto Santos Dumont, 2022).

A Organização Mundial de Saúde, em recente versão da Classificação Internacional de Doenças, CID-116 usa os critérios para jogos de videogames como “gaming disorder” nº 6 C 51.0 (online) e no 6 C 51.1 (off-line) e ainda nº Q E 22 para jogos perigosos ou “hazardous gaming” causadores de fatalidades, coma, pneumonias, asfixia e outros acidentes decorrentes dos jogos de provocação e violência que existem nas redes sociais e aplicativos, frequentemente usados por adolescentes em vídeos e webcam, denominados de “desafios perigosos”

O cerne da questão está atrelado ao monitoramento do uso das telas, de maneira que os responsáveis, além de limitar o tempo de exposição, devem observar o comportamento das crianças, principalmente, no que concerne à carência de relações pessoais e de sociabilidade.

Minha vivência profissional e pedagógica ao longo desses anos reflete um fato alarmante: quanto menor a disponibilidade física e emocional entre pais e filho, maior é a quantidade de conflitos presentes na relação.

Não é possível se esquecer que a dinâmica social moderna tende a minorar a disponibilidade de tempo entre pais e filhos, seja pela necessidade imposta pelo trabalho, seja pela própria necessidade dos menores irem à escola. Contudo, considera-se que a responsabilidade dos pais para com o desenvolvimento sadio dos filhos não pode ter como empecilho o uso das telas, sob pena de, caso assim seja, a inclusão digital resultará em danos de ordem grave à integridade física e psicológica de seus filhos.



 

Referências:

¹ Instituto Dimicuida [Internet]. Fortaleza: Dimicuida; [2014] acesso em 10 ago 2019]. Brincadeiras perigosas: conhecer, compreender, prevenir. Disponível em: http://www.institutodimicuida.org.br/

  1. World Health Organization. Mental health action plan 2013-2020 [Internet]. Geneva: WHO, 2012 [acesso 2020 em setembro 21]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/ bitstream/10665/89966/1/9789241506021_eng.pdf?ua=1.

  2. Chade J. Brasil é o quinto do mundo em celular e internet. O Estado de S. Paulo 2009 Oct 23. p. B15.

  3. http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/o-perigo-das-telas-eletra-nicas-na-primeira-infa-ncia-alerta-da-oms/533827#:~:text=%E2%80%9CO%20problema%20%C3%A9%20que%20o,ISD%20(Instituto%20Santos%20Dumont).

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1 Comment


Melissa Miranda
Melissa Miranda
Sep 13, 2022

Excelente! Concordo plenamente. Esse equilíbrio socioemocional individual e nas relações familiares, mostra-se como principal desafio da contemporaneidade. Espero que possamos encontrar a melhor maneira de lidar com tudo isso..... ;)

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