Desde o início do período de isolamento social, quando muitas Universidades do país suspenderam as aulas presenciais, nós professores tivemos que enfrentar uma nova realidade: o ensino à distância.
Frente à situação atual da pandemia da COVID-19, o Ministério da Educação publicou a Portaria N. 343 que autoriza a substituição das disciplinas presenciais, no ensino superior, por aulas que utilizem meios digitais, pelo menos por um período de 30 dias a contar da sua publicação.
Essa foi uma medida essencial para evitar ou minimizar os danos causados na educação dos alunos durante o período de quarentena. No entanto, na minha formação – e creio que na de muitos outros professores também, pouco foi falado sobre ensino à distância.
Nesse semestre, eu e outros professores ministramos a disciplina de Biologia Celular para alunos dos cursos de Engenharia Florestal e Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/ Universidade de São Paulo. Temos mais de 200 alunos matriculados e cada professor é responsável por parte da turma que terá aulas práticas e teóricas sobre o funcionamento da célula.
Preciso relatar que o suporte dado pela Universidade de São Paulo, disponibilizando recursos e treinamentos em tecnologias digitais, tem sido excepcional. No entanto, é bom lembrar que a aula presencial difere em muito da aula à distância e que nós, professores, tentamos fazer o melhor para nos adaptarmos à essa nova realidade, mas não deixa de ser um desafio.
Em reunião entre todos os professores da disciplina que ministro, decidimos algumas medidas para esse período, como: a produção de aulas online, disponibilização de recursos materiais e aplicação periódica de estudos dirigidos para acompanhar o aprendizado dos nossos alunos. Além disso, também disponibilizaremos canais para eventuais dúvidas e comentários.
Todos os recursos ficarão disponíveis através de plataformas do sistema da Usp. Alunos e professores têm acesso ao e-Disciplinas, portal que oferece diversos recursos aos professores - dos mais simples, como o envio de aula, até a elaboração e aplicação de atividades. Além disso, na plataforma aberta e-Aulas, os professores fazem o envio das aulas gravadas, sendo lá também um repositório de diversos cursos e aulas gratuitos.
Precisamos continuar nosso trabalho como educadores, trocar experiências de medidas bem-sucedidas e do que podemos melhorar. Eu tenho ciência de que o suporte que tenho obtido – tanto da instituição, quanto dos colegas professores – pode não ser a realidade de outros professores. E mais, precisamos considerar a acessibilidade que nossos alunos têm aos recursos digitais. São problemas complexos e que não permitem, de maneira nenhuma, uma solução simples.
Porém, nesse período duro que vivemos, no qual foi preciso nos adaptar a uma nova realidade do dia para a noite, a cooperação, a troca de experiências e soluções são fundamentais. Da minha parte, desejo que de alguma forma esse possa ser um período de aprendizado para nós, professores, e que todos possam entender a importância da educação na solução dos problemas que agora enfrentamos. Um ensino de qualidade cria profissionais competentes e, tão ou mais importante, cidadãos mais conscientes.
Maria Letícia é bióloga pela Unicamp e tem Mestrado e Doutorado em Ciências, com concentração em Genética e Melhoramento de Plantas pela Esalq/Usp. Por gostar de comunicação de ciência, obteve título de Especialista em Jornalismo Científico pela Unicamp e realizou Pós-doutorado na área.
Atualmente é Pós-doutora na área de Genética de Microrganismos, estudando como os micróbios podem auxiliar em práticas mais sustentável de agricultura, e é Professora Colaboradora da Esalq/Usp.
Apesar da gostar muito de entender como o mundo funciona – principalmente o microbiológico, Maria Letícia sempre gostou da parte de educação e comunicação de ciência. Já atuou em diversos meios de comunicação científica e durante a pós-graduação participou de estágios em sala de aula e também foi professora voluntária em cursinhos populares.