A aprendizagem de línguas têm sua função sendo alterada segundo as necessidades educacionais que germinam com cada momento histórico. Diante de uma comunidade altamente letrada e tecnologizada, há a necessidade de se produzir e interpretar significados inovadores de questões educacionais e ensino de línguas. Reafirma-se o processo cognitivo do poder sobre si mesmo e da capacidade de atuação em todos os níveis sociais.
Nossa sociedade traz a necessidade de adquirir novas habilidades, desafia a educação e acaba por influenciar na mudança de paradigmas. Em razão disso, as startups se valem de inovações como internet das coisas (inteligência artificial), realidade virtual (Engset e Eruga), da metodologia design thinking e gamificação (LinguaLeo e Watson)[1].
Dado o exposto, o ensino híbrido (blended learning) visa combinar os ambientes educacionais, interligando o ensino a distância ao ensino presencial, integrando experiências de aprendizagem diversificadas na modalidade de sala de aula invertida (flipped classroom), podendo introduzir conteúdos em diversos formatos e momentos. Nesse sentido,
Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos. Agora esse processo, com a mobilidade e a conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo (BACICH e MORAN, 2015, p. 1).
Contudo, Chomsky (1997) internaliza, nesse contexto, a língua como uma compreensão no nosso “modo de falar e de compreender”, unindo nações, determinando um conjunto infinito de expressões. Por sua vez, Bakhtin (1995), entende que qualquer forma de compreensão ativa, já deve conter a possibilidade de uma resposta, por isso a compreensão ativa possibilita o apreender de um aprendizado, nesse caso, aprendizado de uma língua estrangeira.
Nesse âmbito complexo e multifacetado, encontra-se o sujeito bilíngue, sendo capaz de apreender duas ou mais línguas. Na sua utilização desde sempre, independentemente da sua fluência, é considerado bilíngue:
Na visão popular, ser bilíngue é o mesmo que ser capaz de falar duas línguas perfeitamente; esta é também a definição empregada por Bloomfield que define bilinguismo como “o controle nativo de duas línguas” (BLOOMFIELD, 1935, apud HARMERS e BLANC, 2000). Opondo-se a esta visão que inclui apenas bilíngues perfeitos, Macnamara propõe que “um indivíduo bilíngue é alguém que possui competência mínima em uma das quatro habilidades linguísticas (falar, ouvir, ler e escrever) em uma língua diferente de sua língua nativa” (MACNAMARA, 1967 apud HARMERS e BLANC, 2000).
Em razão disso, os distintos tipos de processos de aprendizagem estão integrados, constituindo níveis de aprendizagem, ou seja, a compreensão linguística ocorre mutuamente em ambientes híbridos. São estas capacidades, “manifestas mais impressionantemente no uso da língua, que estão no cerne das preocupações tradicionais, elas são a coisa mais nobre que podemos ter e são tudo o que a nós realmente pertence” (CHOMSKY, 1997, p. 16).
Findando, a sala de aula é um espaço de interação de indivíduos, de diálogos plurais, conversação, num processo contínuo. Nesse sentido, Warschauer (2000) enfatiza a aprendizagem mediada por computador como a oportunidade de usar a língua-alvo na sua dimensão sistêmica nas mais diversas culturas. Ou seja, além de contribuir linguisticamente, também contribui culturalmente.
[1] Informações sobre os programas, plataformas e aplicativos estão disponíveis no portal: <https://projetodraft.com/>.
Referências
BACICH, L.; MORAN, J. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista Pátio, nº 25, junho, 2015, p. 45-47. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2015/07/hibrida.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 7ª ed. São Paulo: Hucitec, 1995.
CHOMSKY, N. Novos Horizontes no Estudo da Linguagem. Delta: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010244501997000300002&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 01 nov. 2018.
HARMERS, J; BLANC, M. Bilinguality and Bilingualism. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
WARSCHAUER, M. et al. Internet for English Teaching. Alexandria: TESOL, 2000.
Josiane Müller é Profa. Esp. Orientadora Educacional/AOERGS, com foco em linguagens e tecnologias. Franqueada Editora Livrologia. Consultora Administrativa na Confraria de Literatura Passo-Fundense. Fornecedora Técnica_DTCOM. Revisora Textual e Conteudista_CPAM. E-mail: josianemllr@gmail.com.